18 de fevereiro de 2013

DORME

A boca aberta o tempo todo, não de estupefação. Bocejos. O corpo quer apagar os poros como se fossem cigarros na escuridão de um asfalto pisado por pesados coturnos. Globos oculares espreitam no pretume qualquer movimento. Há o perfume de uma vela acesa e a sensação de anjos da guarda ao redor da chama. Há uma espécie de apaziguamento vindo da chuva que nos põe mais dormentes ainda. O colchão draga pensamentos para dentro dos sonhos feito um saco esvaziado, grudado por um liquidismo asfixiante. Afasia e fastio. Os miolos viram pequenas esferas de chumbo a ricochetear dentro do crânio. A fantasia do dia são pijamas. A casa silenciosa chega a por medo nos vizinhos. Necessidade de isolamento no momento em que todos detalham o ínfimo e desprezam o infinito.

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