23 de janeiro de 2008

Zoada de mim

Eu sou caixinha de música sem a bailarina dentro. Minha dança é segredo bem aguardado. Muita gente duvida desse meu lado, mas a pomba gira com meu espírito santo no palco. Sou uma palhaça cheia de melancolia no peito. Egoísta, não dou de mamar ao bem nutrido, deixo doce na boca da criança. Frágil idade moça, a força me eterniza nos obstáculos. Gosto de botas, de cama e de baús empoeirados. Guardo tudo, papel trocado, ingresso, cheiro de chuva. Tenho muita preguiça de comer melado. Quando como, onde por quê? Fico medindo palavras para essa má temática vencer. Meu livro é na cara, bato na capa dura três vezes. E o pênis que se esconde rijo entre as bochechas é meu vermelho nariz laranja mecânica autossintomática. Não vou me repetir. Ficarei longe dos invejosos pobres-diabo a fugirem de minha cruz. Benzadeus!

A maçã é minha cabeça, atirem flechas indígenas pelo contato com a natureza. Camaleônica, mudo de cor. Sou negra, russa, verde, febre amarela, sarará de sangue azul, rio poluído, merda nenhumana, raiva deslavada, voz entrecantante. Mãos de tesouro, onde toco floresce mágica. Não estou me Dolcegabana, eu detesto marcas! Escuta só meu pensamento, ouve sozinho minha canção:

www.myspace.com/oneu2cover

8 de janeiro de 2008

Auto-AstrolOrgia

Ultimamente as únicas coisas que me entusiasmam são o cheiro da minha cadelinha Nina, sentir o pelo amigo dela, conversar entre as cervejas da companhia e passar horas em estúdio, no contato trancado com a música de pessoas-pássaros astrais. Paz é isso, liberdade é som mixado com as cores do interior. Volume mezzo soprando alto. Dentro de mim há tantos planos, talvez menores que o de carnavais já prometidos para 2009. 2008 começa e nem sei se estarei viva daqui para lá, se sozinha ou acompanhada da minha sombra. Alegre? Sorte. De nada sei, a não ser do meu hoje mesmo. Marasmo a esmo! Saio de um aniversário com a mão destra picada por abelha, olhares cortantes de seres com ferrão na língua, saio de um bar com a canhota espedaçada, pela bolsa puxada brusca por uma gangue do lixo. Só roubada, de início. Vivo preocupada, a não ser quando me rendo aos pormenores da Arte, que me bem ocupa, a despeito dos que julguem passar por ócio fácil.


Tanto do que não gosto e tenho de conviver... É aquele amigo chiliquento que ronrona por não ter sido convidado a casamento, é um padre preconceituoso operando discurso reacionário anti-sexual, é meu namorado escancarando a opção televisiva por canais privê e débil Metal, é ele só mente que me lê e condena a exposição do meu nu espiritual. Nem posso me conter. Como alguém além de mim me suporta as nuanças todas? Deve ser amor, amor, como é piegas, se existe. Exigente, gente em exílio de si. Tenho amor pelos meus colegas, os mesmos que zombam da minha ingenuidade acerba. Anéis de compromisso nunca! Tenho amor pelo 8° verso mal declamado por mim e por todas as imperfeições absurdas que me levam a escrever contrita. Oração esta que me atrita com Deus. Lispector me entenderia os ciclos bem, mas detesto a moda literariopata dela. Hist compensa meu onanismo com palavras tortas. American Pie. Às vezes queria sumir do paraíso, fazer sexo com as portas, batê-las com punhos manetas até dar 12 horas. Meia-noite a caminhar em rua mórbida sob a Lua, sem perigos, mas com medo das estrelas grandes de abismo. Sou uma abóbora celeste. Doce, mas tem muita serpente que não gosta. Eu pouco me lixo. Minhas unhas estão enormes por isso. Sou uma bruxa dondoca que nem pega em vassoura, só voa, nefelibatendo palmas em shows de rock perdidos.