21 de fevereiro de 2008

Cantiga de amigo a maldizer

Não, nós não fomos gêmeos em outra época. Nós fomos almas siAMEsas em era passada. Agora o presente aperreia e nem dizemos (quase) nada sobre isso, a não ser com os olhos. Os mesmos gostos temos, frio ou salgado. Adivinhamos pensamentos como quem vocaliza a canção de cor. Percebes meu pesar, amigo? Os rostos ruborizam, esquentam quando trocamos o convencional beijo no rosto. Ah, colhêr daquele doce quereríamos, arrancar fruta do pé! Mas é maçã proibida, alvo de cuspido e escarrado anjo. Melhor nem meter a colhér. O caldeirão pode virar em feitiço sobre mim, sobre-humana corro, pobre diaba a ocultar os fatos em PATHOS de dor ruim. Se eu pudesse compartilhar, meu peito seria menos comprimido. Mas é melhor eu deixar que o convencional me ame, porque a sociedade massacraria o sacro amor. Dizem ser profano o verdadeiro, por isso ardo!

1 de fevereiro de 2008

Tranca Afiada

Ninguém precisa saber, é certo. Ao certo nem eu sei do que se trata. Uns já disseram para me tratar, porque me destrato muito às vezes. Só que psicologia para mim há de ser auto. Auto tal o eexame das mamas. Não creio nas bolas de cristal daquele Freud cheirador de coca e sexo, não respeito seus seguidores a lavarem cérebros de pacientes vidrados. Repressão, depressão, depressa! Pois não tenho paciência para isso. Jung me interessa em suas nuanças simbólicas do universal, embora precise ler mais de sua obra. Yin Yangs pendurados no pescoço, terceiro olho, consciente coletivo, coleta seletiva da calma... Há dias que se extendem no meu desânimo, dentro das cortinas fechadas. Apartamomento soturno. Detesto os raios fortes da tarde devassando a persiana. Meu quarto é quente, proliferador de pirações várias. Mal como, bem durmo, adormeço demais. Fuga? Sim, o real me tira todo o sal da terra oca. Exigências gritam a todos os humanos escravos dessa vida, só que não quero me limitar a um reles emprego, a um concurso forçado, a uma garantia financeira que pouco me satisfará no futuro. Minha arte não lida com rotina, desatina no cerco selvagem de mim. Soul eterna. Dizem a mim que sou criança ainda, que temo a luta, que tenho preguiça de lustrar até as botas da batalha, embora no fundo saiba que tenho muito a ganhar com tudo isso. Meus vinte e poucos anos crescendo e eu redimensionando mundos. Faço o quê, eu me desfaço dessa mania de fim, eu mudo? Posso me mudar para mil casas, mas o casamento não se dá. Não quero companhias tolas, quero comer o começo sempre com o meu leite de moça coalhado.