27 de julho de 2009

Não fui, na infância,
como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra
a origem da tristeza,
e era outro o canto,
que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância,
na alba da tormentosa vida,
ergueu-se no bem,
no mal de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demôno, ante meus olhos.

Edgar Allan Poe

22 de julho de 2009

Homenagerm de um terno tenor

Mulher-poeta, que encanta
e desbanca a arrogância
dos versos,
em ternos inversos
com extravagância

Mulher-poeta que desinfeta
a poeira das frases e espeta,
com carinho,
um espinho fininho!

Mulher-Paola que destoa,
não à toa, Mas, com pureza
e a certeza dos ventos
Navegando
sempre à proa dos tempos!

Por: Bruno Stéfano

16 de julho de 2009

Many Encômios à Moir

Vieram de público asseverar que eu não sou uma senhorita deste mundo. Se entro em um centro espírita, não me deixam mais sair. Mas alertaram para eu não me empavonar e continuar me aperfeiçoando.

Em Espanhol me grifam outro elogio: - Eres muy estrovertida! Seria una buena integrante de Pink Floid! O contexto era que havia enviado um player com minhas interpretações de músicas do U2. O bom é que posso transitar do Pop ao Progressivo que não me picham nem lincham. Por ser mulher, apenas me apontam camaleônica tal David Bowie, musa de mim mesma e de quem menos suspeito.

Houve também quem me chamasse de Harvey Dent. Daí então logo lembrei de Caetano cantando seu RAPTE-ME, CAMALEOA ao ler um recado de outro amigo: "Na dúvida, ataque!" Então sou eu a reptília, a que se entredevora com pensamentos enquanto avança na sorte. O mesmo ainda me recomendou uma leitura: Papus, um ocultista que curava pacientes ao evocar a força-vital mãe, fonte de equilíbrio. Falávamos de magia e tecíamos uma comunidade literária chamada Sociedade Invisível, que fez jus ao nome e desapareceu, cada um seguiu as linhas de seu destino por si.

15 de julho de 2009

Na roda também...

"Olha bem pra mim - tenho cara de quem escolheu alguma coisa na vida? Quando dei por mim, todo mundo já tinha decorado a tal palavrinha-chave e tava a mil, seu lugarzinho seguro, rodando na roda. Menos eu, menos eu. Quem roda na roda fica contente. Quem não roda se fode. Que nem eu, você acha que eu pareço muito fodida? Um pouco eu sei que sim, mas fala a verdade: muito?"

Caio Fernando Abreu

12 de julho de 2009

Humanada errante, gente errada!

Reconheço meu ciúme quando me tomam o espaço, mostro ódio quando arrancam as roupas da minha privacidade, confesso minha raiva quando tomam o objeto de meus desejos, ao me privarem o sexo, ao me controlarem os vícios. Detesto criança, aquela que divide a cama do casal ao meio, aquela que esperneia por materialismos precoces, a que grita para ser notada, paparicada e até temida. Abomino mais ainda as mães dessas crianças, geralmente solteiras ou mal casadas, sem figura paterna, fálica, a calar seus histerismos constantes, apenas falhas, idéias falsas acerca desse universo falido. Sem moral mínima, emprestam às filhas o ar fatal dos saltos altos, dos esmaltes vermelhos nas unhazinhas roídas logo cedo. Dia desses vi uma dita mãe passando batom nos lábios crescentes de uma bebê com nem dois anos e os transeuntes achando bonito. Eu tive asco e saí de perto. Odeio esse mundo vulgarista. Detesto também os velhos chantagistas, que moram de favor com os filhos pois se acham no direito de interferir nas suas vidas por tê-los criado. A esses vovôs, a maioria vovós, que inventam uma dor para cada dia, afastam-se dos amigos, devoto meu total desrespeito. Impacienta-me por demais essa gente que quer viver pelos outros. Mulheres se apresentam bem mais perdidas sentimentalmente, posso perceber. Que o destino não me reserve essa sorte de tolhir o alheio, nem que eu passe minhas frustrações aos meus filhos, caso os tenha. Diante disso, melhor usufruir do sexo sem procriação. O mundo me enoja com seres encardidos que não sabem nem como lavar as meias do espírito. Só dejetos de encarnação.

9 de julho de 2009

Consta na lista: minha constelação de ser em loucura e brilho

E eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda a minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifícios explodindo como constelações em cujo centro fervilhante - pop - pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos "aaaaaaah!" (Jack Kerouac - On the road)