11 de agosto de 2010

Em si: Nuança

Guardo em meu corpo a cegueira noturna ante à tua polução, bruxismos acometidos por teus sonhos de conduzir sempre a carruagem pelas meia-noites, enquanto uma semente de abóbora aqui me desabrocha dentro do porta-seios um botão. Receios não, aqui é sem fechar as portas. Sou versada na minha beleza, um colecionário de todas as outras, mas sem igual. Sou ser palpável de sangue quente e animalidade explícita sobre certo colchão. Não sou capa comprada de revista sem conteúdo, nem natureza alterada à faca, nem casca arrancada no dente, sou latejo latente, lactante no lábio. Estou na fala, no falo agora em tua mão. Sutileza completa. Os homens, se estiverem sãos, estarão ungidos pelo gozo das mulheres santas. Sã me sou melhor quando me caramelizam a maçã e de amor sou cortejada. Meu corpo mediano tão grande é, que o tomam pela cintura os dedos do mundo. Meu louro do cabelo foi da solaridade que me penteou. O castanho com verde do olho foi da relva em que Eva pousou. Podia vagar nua antes das dores do infinito, mas o planeta casou com o esconderijo que condena os rijos pênis na hora da celebração. Saudosos os pagãos, pois eram livres a olhos vistos. Retira tua venda, então, dá o lance mais alto. Faça a oferenda de toda essa moeda cara e a cuspa na cara do mundo. Mas eu... Eu não estou à venda não.

Um comentário:

Alisson da Hora disse...

Geralmente sou muito calado e ávaro em palavras nos blogs alheios. Talvez porque sentir intensamente é melhor do que tentar traduzir em palavras a admiração e blá blá blá...
Mas, como então fazer com que os outros saibam da sua admiração?
Recolho meus pudores, como um escritor que recolhe o seu próprio (e lembro sempre daquele poema do João Cabral sobre o Bernanos...).
Poucas pessoas sabem escrever sensualmente. Há tantos blogs por aí em que os escrivinhadores de plantão acham que sabem fazer literatura erótica... Ledo engano. Não sabem nada. Viessem ler teus textos, saíriam esbaforidos e envergonhados.
Viva a nudez, viva ao despudor de saber-se desnudar-se e envolver o leitor. Lá fora ficam o ranger de dentes, aqui dentro ficam as poluções, os "mapas de geografia"(como se dizia antigamente sobre os lençóis sujos dos sonhos eróticos) e fique o leitor boquiaberto, batendo...palmas! ;)