21 de fevereiro de 2011

Nem piedade.














Por favor, um canhão para aliviar tua dor por mim.
Carrego tanta vontade de te morrer, que vivo mais.
Tens medo do quê? Farei como quem só joga boliche.
Tu: um pino no centro. Eu: dedos cravados na bola.
Concentro e arremesso - simples assim, até caires.
Há outras dores menores, mas te preservo a grande.
O medíocre da história é teu prazer ao mistificar.
Serei ruim com quem reza para minha alma de má fé.
É sempre o inimigo que lava o pé, amigo crucifica.
Finca tua unha postiça na lama agora, muda mulher.
Sente enfeiar, crispa no sol, chora feto e afetos.
Teus descendentes vêm da água dessa infertilidade.
Não temos mais idade para isso de sentir saudades.
Tempo já acabou para quem falta, a espera desiste.

Paola Benevides

Um comentário:

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Deu no que deu esse ser 'gauche na vida' - endorfinas de poiesis seguem fagocitando a proesia, as mônadas.Avanta, Paola, que outras cadeia de aminoácidos se alevanta. Gosto muito!