18 de março de 2014

FRIO

O mundo todo toma seu rumo na tempestade. 

Os pássaros se abrigam sobre as asas, os peixes alteiam às cheias marés em cardumes, os amantes se tornam mais amantes e os solitários mais relampejosos dentro de seus quartos. Cobrem os espelhos com lençóis antes usados, tantas vezes divididos com outros braços, bem passados à cabeça, pernas e pés lavados com cheiro de infância. Amaciante ou sabão em pó. E agora, eles teriam medo? Enfado.


Relâmpagos. Anoiteça o que anoitecer, o dia será sempre cinza e gélido e mouco e raro. Só, há quem se proteja dos sonhos em sua própria cama. Amorna. Afunda. Entende. Levanta! Tem lama lá fora para os meninos que saltam poças, as moças levantam a saia molhada feito crianças, agarrando a barra pelos joelhos, enquanto o grosso do tempo ainda escoa pelo ralo...

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