31 de março de 2014

ESPIRAL

Hopi Hand by Venessa Lagrand

Falho, eu que sou homem, somam-se às rédeas de viver duas mãos calejadas. Os pomos de dentro das palmas servem para cultivo de força, segurar cascalho sem atirá-lo no lago imundo da boca de lobo. Floração da fossa. Tal gota de orvalho a dar viço, hidrato as ramagens mais secas com lodo, dou banho de bebê a ouriço, brinco de deixar perfume nas maçanetas em cada abrir de portas. Invisível à vizinhança. Ser capaz de atravessar as paredes das casas faz os pés descalçarem as botas, pisarem rastros de musgo em círculos. Biodança. Vejo vórtices por onde escoam os espíritos. Rio-me de tudo à volta, pois até choro de mau-agouro pode ser um bom presságio por agora. Acerca do que não consigo, sigo com acerto a quem parece amigo e isso é raro. Naufrágio. Aprendo a dar nós de marinheiro em crina de cavalo e valho muito à natureza do perigo. Como tudo neste mundo é frágil...

Nenhum comentário: