8 de agosto de 2011

TOCATA E FUGA

Uma serenata, quem me fará?
Moro no quinto andar, sou alta.
Traga guindaste, radar e me sequestre.
Tudo em tom grandiloquente, quente e agreste.
Não nasci para louco pouco, frio morto-vivo.
Tem que ter coragem, afinco, mostrar todos os dentes.
Buquê, guitarra, canto, bala e crivo, estar presente.
Atributos robustos a quem me roubará.
A alma? Não. Parte do coração. Partirá?
Porque quando não estou cheia, estou repleta.
De tiros. E aí você terá de me escudeirar.

Bata à minha janela pela madrugada, portanto.
Com aquele silêncio que se pressente em vida.
Venha, mas venha depressa, antes que o sol desponte.
Antes que meu sol poente chore com outro luar.
Antes que eu dê de cara com um poste.
Iluminando meu quarto, me pondo acordada nem que goste.

wolfie

Eleva-me para outro lugar, além de mim, aquém de muitos.
Deixa eu ouvir os uivos, encontrar meu ser no lobo do homem.
Loba da estepe a lamber suas próprias feridas.
A procura incessante é a cura para tanta fome.
Mas isto quando se encontra as medidas.
Há que atentar para todas as mudanças.
Paladar, cabelos, a dança das minhas cortinas.
É tudo sinal, sina, não cismas.
Agora, pode entrar.

Paola Benevides

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