29 de outubro de 2010

De repente, desencarnada.

Hoje eu acordei morta. Sim. Reservei mais da metade de um inteiro do dia para delirar na cama. Não, não estou doente. Fiz até um teste: liguei para três pessoas. Sem obter resposta. Então, acho que morri mesmo. Almocei em hora irregular, para variar. A minha rotina é que ela não há. Não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Café deixei de tomar. Minha mãe veio bater à porta do quarto oferecer um prato. Aceitei. Mas ela devia estar tão falecida quanto eu, porque eu falava e ela não ouvia. É estranho. Pouco importava nada. Comi. Passarei a tarde narrando o que desvivi, procurando vestígios em respostas, se elas forem dadas. Da noite ainda não sei. Ando cansada de beber só pelo gosto do dia seguinte. Cigarro no palato incomoda. Não, também não sou alcoólatra. É que hoje se faz sexta-feira e a boemia cavalheiresca me puxa a cadeira em mesa de boas conversas quase sempre. Um efeito que podia perdurar era o da tontice afiadora de línguas, desafiadora de mentes. O resto, os vômitos e a dor de cabeça, não me interessam. Estou perdendo a idade para tanta coisa. Virar o dia regurgitando está me enjoando. Sim, estou sendo literal. Só que ao mesmo tempo ter sobriedade me martiriza. Sei lá o que eu quero. Acho que estou vagando. Se eu levitasse, divertido bem seria. Sou um fantasma de carne que se estraga. Vou distante no vôo por hoje. Apenas hoje. O amanhã nem me pertence.

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