10 de março de 2013

SEM ALÇAS

Uma intuição ancestral me indica o caminhar a partir dos caminhos que teço. Fundamental é seguir, não importa a quem ou a quê, mas ir em frente com o que se tem na trilha. Ser. A continuidade do percurso me dirá com quais setas comporei uma bússola, se com gravetos achados no chão batido ou com afiadas agulhas de coser o frio. Sinto. Um terço do rumo já foi amortecido pelo tempo. Calos criados, especialmente nas cordas vocais dos que engolem tudo em seco, por isso, minha fala se predispõe a tantos relatos, mesmo calados. Tossirei o que me incomoda com a mesma delicadeza de uma partícula de poeira adentrando as narinas. Mãos à boca!

Este diário de bordo começa com um passado carregado de maletas pesadas, pela inadvertência do impulso de me aventurar por paragens as mais diversas, por não saber direito o que levar ou deixar para além das costas. Se adversas ou favoráveis, valem as viagens que me servirem de aprendizado. Perdi muitas coisas, algumas pessoas e, ainda, coisas de pessoas. Conforme os passos se alargam, percebe-se o valor atribuído e, então, começamos a nos despir até da bagagem de mão. É como se o anjo da guarda nos desse golpes com suas asas, dizendo: não leve nada, pois a leveza está aí. Peca-se pelo excesso, paga-se multa, pega-se pressão. Em vão seria?

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