1 de setembro de 2012

OCA


Não há vazio por dentro
Quando se é abrigo

Nunca disse que era santa
Já bebi muita cerveja
Serrei pau oco e fiz cabana
Cruzei feito égua em porta de igreja

Sob minhas palhas, habitaram muitas famílias
Brasília, Ceará, Maranhão e Santa Catarina
Camarão, alguns canalhas e tralhas de coqueiro

Ainda vou amanhecer Iracema em Copacabana
O Rio de Janeiro de minha mãe saiu a pescar uma sina
Mas as naus agora se fincaram pelo Norte

Por sorte, a sabiá fugiu do incêndio à minha palmeira
Sábia, fiz peneira para sol e novo compêndio de rimas

Lá longe lancei anzol
Alcei o hoje como um índigo afluente
Eis o meu dia de índio
Agora sou toda nascente!

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