3 de julho de 2014

PONTEIROS

Tomou-me de assalto o tempo como se fosse um larápio. Rápido, ele. Meu corpo estremeceu por abalo sísmico do próprio eixo. Queixo caído em si. Revi fotos antigas, pessoas amigas que deixaram de ser e outras que ainda caras me são, sem nada a dever, só por gostar de sorrir em conjunto. Ganhei em muito. Nada arrependido. Claro que se eu fosse hoje transplantada ao passado, perplexiariam diante da evolução. Então, agora, eu seria mais em melhor captação. Mas para que soar em 3D para os outros, se a visão nunca reflete exata os sulcos da verdade, as linhas de expressão. Que ilusão todos desejariam por à mostra? 


Valeu cada paisagem, foi divertido, aliás, tudo está fazendo sentido. Uma exímia seleta de amores vãos, porque não me representariam por hora metade do que sou, mas aprendi com o que soltei, pelo que me acrescentou aos bocados. Carrego uma coleção de pipas invisíveis com altos gorjeios. Não eram e foram. Vivi. Erraram tanto quanto a mão do meu próprio orgulho, dos álcoois de nós, dos lençóis embasbacados, das criações, planos que poderiam ter sido plenos, cafés pequenos, alguns amargos, enjoativos, ralos ou fortes, como se o paladar viesse no momento certo do que se havia para lamber, como gato faz quando sara ferida. 

Eu queimei a língua tantas vezes, mas me refestelei na dança, trinquei dentes e xícaras, virei a mesa na frente dos banais, excomunguei muitos infernos. Mereci cada banho e cama de herança. Acordei menina com a dor. Doei amor ao sorrir, brotou minha real natureza com frescor de infância. Nunca mais adormeci como antes. Atualmente, moro em uma casa na árvore dos dias. Quanto aos minutos restantes, é quando minha criança interior se pronuncia que mais o meu destino amadurece.

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