20 de novembro de 2012

FILTRO

Blindar a alma com as amarras do pensamento ou deixar entrar o que for pelos poros experienciais? Eu poderia sugerir ao espírito somente sossegar no calor das irradiações inframenores, porque se formos grandes sendo pacíficos não haverá tanta incidência desses abalos. O outro há de ser uma ponte a nos conduzir pela mão da empatia. Mais dia menos dia, alguém precisará de nós como quando também precisamos de uma saída. Por isso, se sair, não feche as portas, permita outras vias de acesso. Procure saber trafegar, chegar e, então, permanecer como um doce olor orvalhado, lado a lado, uma presença marcante sem provocar marcas de expressão triste no rosto. Evite o uso de máscaras, caso estas não sejam utilizadas solenemente para proteção contra tantas caras e bocas amargando à solta por aí.

A percepção aumenta na mesma proporção em que o medo diminui. Para o amor não deve haver medidas. Se houver, não há de serem rasas, finitas, e que se meça ao manter abraços abertos a todos, especialmente aos mais fechados que me cruzam os caminhos com seus galhos retorcidos, trucidados pelas podas constantes. Costumava produzir espinhos nessas horas, iludida pela possibilidade de atingir a quem me tomou as pétalas para um jogo de mal-me-queres. Quem acabava por sangrar era, tão somente, eu - empelotada dentro de mim mesma. Tão bom sentir o peito encharcar o ego sem deixar engrossar o caldo existencial, ver lágrima bem chorada afinando moléculas para, em seguida, sorrisos maiúsculos lavarem as máculas! 

Nenhum comentário: