26 de março de 2012

ENCARNADA

Tenho estranhado minhas tripas em nó, temo que elas encontrem o coração logo cedo pela manhã e eu não acorde para a vida sem massagem cardiorrespiratória, piratória nossa, senhora desaparecida. Minha garganta tem doído, também meu colo um dia adúltero. Seriam os estridentes pesadelos sufocando até o grito dos antepassados-batidos? Tendo a pensar que só se deve cortar o mal pela raiz na base do pescoço e à base de muita pancada. Minha cabeça parece um coco cheio de vida e pensamento que caiu do pé ainda verde, distribuindo doçura ao mesmo tempo que mata toda a sede. É dura a casca, mas quem me sabe por dentro de verdade engole meu grude, meu lado mais rude e meu açude inteiro, jamais será náufrago. Vermelho o viço dessa visceralma que mancha lábios verborrágicos de tanto batom. É alto o mar e já se avista com perigo a vinda do próximo paquete (A expressão "estar de paquete" é ocasionalmente usada por razões históricas[1] para se referir a mulheres em seu período de menstruação. Outras fontes sugerem diferente explicação: Tal referência se deu por comparação entre o tempo exato de 28 dias para realizar o trajeto entre o Rio de Janeiro e Liverpool, no Reino Unido, pelos novos navios a vapor (os paquetes) e o ciclo menstrual.)

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