4 de março de 2013

ESCAPULÁRIA


"Ela era branca, branca 

Dessa brancura que não se usa mais 
Mas sua alma era furta-cor." 
MÁRIO QUINTANA


Não quis calar a manha logo cedo de manhã.
Gemeu os lábios contra o lençol, sem marcas de batom.
Nada era alvo de contraste em sua branca tez.
Desatava a blusa de lã com languidez anátema.
Bastava-lhe um café a esfumaçar as pálpebras.
Mais rápida nos dedos, despertava o último botão.
Pura nudez composta em ária, solfejo de canção.
Raios solares realoiravam a pele sem novelo, toda flores.
Nua em pelo, Eva venenosa, feito cobra na maçã.
Sua áurea em manta a revestia de todas as cores.
Posava de santa dentro do espelho, mas era pagã.

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