Carrego, muitas vezes, a sensação de quem vira o pé na calçada e xinga sozinho o salto ou ri do próprio tombo, na intenção quase automática de querer justificar algo para si ou para quem passa e, inevitavelmente, vê esse alguém na iminência de cair.
A ocasião faz a postura. Quando prepondera a solidariedade, uma comunicação superficial pode atenuar o chiste e render até certa felicidade, suplantando qualquer constrangimento:
- Cuidado, essas ruas daqui são terríveis. Estão todas esburacadas.
- É mesmo, melhor eu ficar mais atenta. Obrigada (sorriso amarelo)!
A vergonha da queda deve advir dos tropeços da infância, quando reforçados negativamente. Na escola, por exemplo, a imagem do garoto bullie pondo o pé na frente de quem passa para causar pilhéria é bem emblemática para diversas pessoas.
Já adultos, gargalhamos das pegadinhas na televisão, atraídos pela desgraça alheia. Urubuzagem? Há boas explicações científicas para a questão.
Rezam cientistas holandeses, através de uma pesquisa realizada entre indivíduos que se afirmavam contentes com a falha do próximo, que o hábito de zombar dos problemas dos outros, além de tipicamente humano, revela a baixa autoestima do autor da chacota.
Possuem sérios problemas de aceitação aqueles que se sentem melhores ao observarem o infortúnio do vizinho. A esse sentimento denominamos: Schadenfreude.
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