14 de fevereiro de 2013

VALENTINUS

Não sabiam se eram as pernas que escancaravam bocas ou se as bocas que escancaravam pernas. Carnudas todas e todas sabiam ir longe. Vir também. Vagarosas, aceleradas, alternando os pulos que davam entre as farpas, doando-se na levada febril sem querer nada, a não ser o sangue a pulsar e enrijecer, suor, saliva... Frêmito! Em líquidos doces banhavam-se de prazer. Estavam presos conscientemente por um mecanismo seminal, movidos por jorros capazes de fertilizar vastos campos. Plantavam-se por todos os lados, colhiam-se feito frutas suculentas, lambiam a face escorreita do outro com suas línguas enchameadas. As pupilas propunham-se um duelo. Dentro dos poros, o mais puro mel. Desta vez, a abelha rainha não intencionava matar o zangão após o ato. Quem mais apanhava, vencia. Quem mais apalpava, gemia. Quem mais se derramava, cuspia. Quem mais se envenenava, engolia. E a goles grossos, golpes grosseiros, e nos travesseiros, os cabelos grudados. À meia luz, os lençóis esculpiam uma excitação renascentista, havia musa entre os nus e poesia.

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