Conforme as dores cessam, a inspiração evapora. Pode ser só impressão. Nem é todo dia que o santo está presente, o mentor te faz ocupar com coisas novas. Trabalhei vertendo uma entrevista falada para texto. Era sobre educação, mais especificamente tratava de letramento digital e a adequação de alunos a novas tecnologias associadas ao ensino de língua portuguesa. Terei mais transcrições ao longo da semana, o que me rende em torno de trinta páginas escritas. O cansaço não me venceu palavrear também por aqui, embora meu foco esteja disperso. Sei e não sei sobre o que falar, mas mesmo assim o faço, como um hábito a me aparar alguma aresta. Virou diário. Organizo-me em meio ao caos traçando a suma dos meus dias. Programei-me a ir fazer meditação no parque, ao final da tarde. Acabei dormindo após a leitura de um capítulo que me ensinou a meditar sem sair do lugar, apenas me posicionaria sentada sorrindo, imaginando meus órgãos sorrirem também. Comecei a achar graça sozinha e deu sono. Fui despertar quase sete da noite com a sensação de que havia andado por outras paragens cósmicas. Sonhei que queria defender meu ponto de vista em uma discussão sobre preferências musicais. A lição tirada do sonho foi a de procurar não desgastar energia com circunstâncias banais, haja vista ter conseguido racionalizar mesmo adormecida sobre meu próprio comportamento, refreando ações. Foi como ter desligado a TV no momento exato, seletiva perante minhas escolhas, sem precisar ser demasiadamente ferrenha com tudo. Parar de polemizar é amadurecer, concluí.
Preparei um hambúrguer no microondas e tomei a Coca-Cola que sobrou do lanche de domingo com os amigos. Nada adiantou ter recusado a carne do almoço, acabei me envenenando com Fast-food. Após uma dor de cabeça a indicar estômago sujo, tomei aspirina com sal de frutas, lembrando da conversa que tivemos sobre manutenção da saúde. Na mesa, eu era a única mulher dentre três rapazes: o que havia sofrido Acidente Vascular Cerebral aos dez anos de idade era o que mais comia, estava fora de forma e recebia conselhos do mais falante da turma, um magrinho que tinha diabetes. Ele dizia convicto: "não queira tomar duas injeções de insulina por dia como eu, vá se alimentar direito e praticar alguma atividade física, homem!" O outro, mais reservado, comentou sobre o falecimento da mãe com bastante frieza. Ela precisava continuar um tratamento contra alguma doença séria, até que parou de tomar os remédios prescritos e, quando tomava, ministrava-os com muita bebida alcoólica. Adeus. Em casa, minha coluna doía enquanto digitava no computador. Tentei uma posição da Yoga no chão da sala e tive palpitações. Lembrei do guru de uma amiga que está na Índia, que me indicou Ayurveda, a fim de tratar dos males causados por nossos desequilíbrios fisiológicos e agravados pela alopatia ocidental. Na mão desses médicos daqui somos como cobaias, nas quais eles testam, a cada dia, novas instrumentalizações para aperfeiçoar suas parafernálias. Prefiro o efeito curativo proporcionado por ervas, massagens, bons pensamentos e ginástica ao ar livre. No método aiurvédico, muito mais barato que o convencional, é tratado o indivíduo e não a enfermidade em si. Quem dera se compreendêssemos o real sentido de evolução.
Será que viro vegetariana?
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