25 de abril de 2013

FUTILEZAS

Como é que eu posso querer provar o que é verdade, se o fato já foi posto à prova feito roupa estendida? Sendo grande, a silhueta afrouxa, como a de quem não cabe em si. Os ajustes se fazem no espírito através do corpo, um molde, que mesmo banhado a baldes, não encolhem. Seu tamanho é único, o experimento é vário. Reveste todo um armário de peças, como se o nu fosse morrer fácil de frio, como se fossemos máquinas, como se aparelhássemos o roubo inteiro de um robô feito filhos cheios de fios soltos. Mas ainda estamos presos. Há marras. Querem a máscara por detrás dos cosméticos por detrás das peles, pelos e poros. Cômicos da tragédia fofocada nos salões de beleza. Arrancam-se apenas cutículas, deixam-se unhas roídas recobertas pelas de porcelana. Ficam todas umas bonecas! Usam perucas para não se apiedarem de suas carecas cancerosas. Existir a cura existe, porém insistem no elixir das repartições públicas ao lixarem suas carnes mortas, ao escovarem seus couros. Antes de evitar a queda do cabelo, poderia-se evitar de ir na cadência das décadas. Enquanto a decadência for moda, a essência permanecerá presa nos frascos de perfume e a dor se fará perceber pela falência múltipla dos órgãos. Odor de vivo é pior que de cadáver, quando já começa a cavar a própria cova com futilezas cotidianas. É-se sutilmente fútil.  Sentiu? Trocam receita de bolo envenenado entre dondocas, fazem propaganda de escarro novo, injetam o vício da compra nos pobres-diabos, empregam terapeutas, prostitutas ocupacionais do tempo alheio. Olho no olho nunca, só de entremeio. Pisca pisca desligado, atropelado na paquera. Sorria quando não estiver sendo filmado. Soslaio é fuga aos lacaios do sistema. Você foi propagado no ar em ondas curtas. A transmissão sanguínea foi suspensa pelos Testemunhos do Jeová. SHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSHSH

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