25 de dezembro de 2010

Medita ação

É tanto pouco que em muito me satisfaço. Nem quero bastante, só o necessário para a manutenção da minha felicidade. Sem deixar pela metade a vida, nem as suas verdades. Coragem por vezes cora as maçãs no rosto colhidas, exige-se cumprir todos os pecados. 


O gosto na boca tem de ser sangue, paladoando glóbulos de paz nos beijos. Tempero bom se sabe na cor vermelha, porque arde. A mesma das estranhas entranhas da gente, com os óvulos fecundados. Do amor se devia ser um gestante eterno.

Gesto corriqueiro que se faz é o da despedida, por isso já estou toda torta. Fardo nas costas que separam o mar da terra. Alento quando se vem pacífico dos oceanos. Lento processo de cicatrização quando se vai e não se revolta mais. Deve-se ir além das ondas, mesmo que a ferida tenha cortado a fé remando sempre com seu pé para trás, preso a correntes e mariscos. Sou da pá virada, Curupira da floresta nomeada mundo. Encaro riscos rabiscando palavras nos muros, acendendo postes. Pata levantada do cachorro ao mijo, deixando várias pulgas atrás da orelha gasta. 

Nosso terceiro olho parece chorar por dentro, mas algo além há que nos vigie toda hora. Perigo lá fora. Chove, molha, assa ovo no mesmo asfalto em que pousa o OVNI da glória. O sol é um só para manhãs diversas, sejam elas adversas ou não. Já a lua versa sobre as marés na sua vaidade: o mar é um espelho. Vai ver por isso vivo com medo de morrer afogada. Escapemos todos então para o alto das montanhas! Esperemos pela volta de Maomé.

21 de dezembro de 2010

Cosmogonia

Cosmos, como assim? Cospes a tampa do mundo, a lâmpada de Aladim, depois de ter se esfregado com ela? Aposto que mal sabia que nela continha um gênio. Joga fora a luz da tua ribalta sem saber à vida sorrir. Digo-te que do lado de mim sempre estiveram os seres alados. Se com rabo, no final, eu tudo vi. Deixei ficar por vontade. Assim não se usa ou é-se usado. Do que passou, eu desisti. O que virá é mesmo um fim desembrulhado. Embora o espaço entre o que antecede e o porvir seja bem largo, o futuro aturo além do indeterminado, interminominável universal: para além de mim.

20 de dezembro de 2010

Autofagia

Já pertenci a tribos extintas, cuja maioria dos membros fora devorada por canibais. Possuo pele branco-rósea de sabor acre-salobra. Descobri meu gosto na puberdade, quando passei a mordiscar cutículas e parte dos dedos, depois de ter roído as unhas. Hoje tenho mania de arrancar a pele dos lábios. Quando a puxo em rasgo mais profundo é que me sangra e então sinto concentrada certa ferrugem no paladar. Também gosto de me comungar com as mãos, bebendo solitário deleite. Fico a imaginar se, quando der leite, amamentarei minhas vontades, além dos filhos, que farão parte de mim. Tenho fome de tudo o que me pertence. Sou gulosa do mundo.

17 de dezembro de 2010

Solenidade

Festejo por ora o ensejo de mim
Sou noiva em folhas
De quatro
Trevo
Vestida nas cores da sombrinha
Danço frevo descalça
Pés de carvão
Brilha menina
Pedra branca ao sol
Areia entre os dentes
Vento de amante
Aos beijos
Sucção
Queria comer o sereno
E cantar debaixo da janela do Romeu
Em alfa, sem veneno
Com todo amor meu
Tomando Milkshakespeare
No banco da praça
Livro-me
Traça que lê clássicos dentro de si
Regurgitando finais felizes

1 de dezembro de 2010

Versos a mim dedicados

Por um: Carpinteiro das Palavras
"Uma de tuas crônicas motivou estes versos, por isso, são dedicados a ti poeta!"
trans trás figuras
nas veias do cotidiano

sons palavras entre cortadas

comunicas o terror
da solidão. não ligas


nem desligas as
cordas do coração.



sozinha no quarto
universo paralelo mônada



tufão

crias intervalos
viras intensidades


mutação

cérebro cerebelo
cérele serelepe

percevejos 
nos olhos da escuridão.


"Obrigado pela inspiração cara poeta (o autor)."

25 de novembro de 2010

Assim como Anais Nin,

Nego-me a viver num mundo ordinário como uma mulher ordinária. A estabelecer relações ordinárias. Necessito o êxtase. Não me adaptarei ao mundo. Adapto-me a mim mesma.

16 de novembro de 2010

Temporã

Confusa, diante do relógio paro.
Parada, furo raro compromisso. 
Perco o último parafuso-horário.
Mas quem se importa com isso?

Perto de hoje, o que é amanhã?
Por eu não ser sã foges de mim.
Ontem já passou, quem sou eu?
Um novo rosto envelheceu enfim.



O ponto alto está acima, no sol.
E pontual está em cima da hora.
Agora na lua coberto de lençol.

Sem tempo inteiro para sua vida.
Desdobra-se em braços abertos:
Dois ponteiros apontando a saída.

12 de novembro de 2010

Prece Rápida

Redemoínhos de fogo 
em meu rogo:
- Estou endemoniada!
A mim, por favor, 
mais amenidades! 
Amém eu já ter idade 
para elas...
Sem a gorjeta suja dos céus.
Nem troféus pagãos de cabra.
Quero a minha raça de volta.
Com essência de Lótus.
Tranquila mente, c'alma.

11 de novembro de 2010

non so più andare da sola

Conforme eu não me conforme com a realidade e o tempo me passe adiante, devo dizer que amo. Com todos os defeitos. Estes eu desfaço. Desfeitos, passam a ser acertados. O relógio marca os momentos plácidos. Ponteiros abertos, porém, lado a lado feito o quente nos corpos. Pele branca com parda, sem pelo com barba, assim nos completamos. Das semelhanças, óculos com ósculos. Dos amigos que duram como nós e conosco, tenho orgulho. Íntegra integração dos que celebram a vida, sem sermos um nem dois, pois somos mais. Não temos casa própria na planta, nem visita chata, é o coração que nos abriga, a natureza que nos encanta. Que haja briga em que não se bata. E se nele não couber as nossas valsas, durmamos ao relento, cobertos pelos céus lunares, para acordarmos abensonhados de chuva ou de sol.

10 de novembro de 2010

FRENESI

Saudade de quem não se sabe morto ou alado. De quem tem 70% de água no corpo e o restante da percentagem gasto em remédios para alma. De quem me dedicou música, vídeo, riso, risco e poema. De quem me descumpriu a promessa da carteira assinada. De quem se vestia de louco por dentro. De quem sabia manejar bem a calma na cara. De uma partitura pintada em cima de um olho muito vivo, de um ET mal esculpido pela mídia babaca, de computadores, do emoticon de carneiro que ninguém usava, da piada ou trocadilho explicado pela transcrição sonora de uma bateria (TU DUMM PSSCHH!). De animais amados mais que gente, porque há gente que não sabe amá-los como ele bem fazia. Saudades egoístas de um contrato, enquanto ele pedia demissão da própria existência. Saudades de ter permanecido por mais tempo. De não ter visto todo o espetáculo (refiro-me à encenação de viver, porque não me apraz despedidas cheias de máscara). Saí sem dizer Adeus. Será que eu adivinhava? Mas se houver uma segunda temporada, posso não me animar em ver. (Nunca mais?) A sensação que fica é semelhante à de ter cochilado no final de um mesmo filme, incontáveis vezes, causando posterior desistência, pela indiferença ou falta de vontade. Pode ser que eu não sinta mais saudades. Pressinto vida ainda, só que agora me perplexa fazer parte da próxima. Pois já estou desintoxicada.

9 de novembro de 2010

ACASO

" Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso! 
Ao menos escrevem-se versos. 
Escrevem-se versos, passa-se por doido e depois por gênio,
Se calhar, Se calhar, ou até sem calhar, 
Maravilha das celebridades! "


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

7 de novembro de 2010

Tudo a ver

Há quem cobre a atenção que não dá.
Há quem dispense delicadeza por não tê-la.
Há quem teia de aranha e envenene toda a graça.
Há quem passe e a gente nem veia.
Há quem sangre e não beba.
Há quem nada.
Mas há, antes de tudo, quem seja.

29 de outubro de 2010

De repente, desencarnada.

Hoje eu acordei morta. Sim. Reservei mais da metade de um inteiro do dia para delirar na cama. Não, não estou doente. Fiz até um teste: liguei para três pessoas. Sem obter resposta. Então, acho que morri mesmo. Almocei em hora irregular, para variar. A minha rotina é que ela não há. Não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Café deixei de tomar. Minha mãe veio bater à porta do quarto oferecer um prato. Aceitei. Mas ela devia estar tão falecida quanto eu, porque eu falava e ela não ouvia. É estranho. Pouco importava nada. Comi. Passarei a tarde narrando o que desvivi, procurando vestígios em respostas, se elas forem dadas. Da noite ainda não sei. Ando cansada de beber só pelo gosto do dia seguinte. Cigarro no palato incomoda. Não, também não sou alcoólatra. É que hoje se faz sexta-feira e a boemia cavalheiresca me puxa a cadeira em mesa de boas conversas quase sempre. Um efeito que podia perdurar era o da tontice afiadora de línguas, desafiadora de mentes. O resto, os vômitos e a dor de cabeça, não me interessam. Estou perdendo a idade para tanta coisa. Virar o dia regurgitando está me enjoando. Sim, estou sendo literal. Só que ao mesmo tempo ter sobriedade me martiriza. Sei lá o que eu quero. Acho que estou vagando. Se eu levitasse, divertido bem seria. Sou um fantasma de carne que se estraga. Vou distante no vôo por hoje. Apenas hoje. O amanhã nem me pertence.

26 de outubro de 2010

Acordar para o lado de dentro. Jogar a chave pela janela. Abrir a pestana ciliada no momento céuto. Almar.

Teimo em cerrar os olhos nas horas mais propensas à luz comuntidiana. Minha iluminação não é corriqueira, exige silêncio e alta madrugada. Cegar-me aos sonhos, enquanto os outros trabalham no calor da realidade, faz meu interior procurar colírio nas gavetas repletas de uma vida mais próspera de claridades. Coloridas e vindas, um dia saberei do meu amanhecer. Sou impontual.

15 de outubro de 2010

Essenciais Reminiscências

Tenho uma vaga lembrança das vagas que perdi. Nos ônibus, à procura de vendedoras japonesas e suas cestas com flores de lótus, além dos rapazes e moças sentadas com seus livros ao colo. Tenho mania de saber o que estão lendo quando pego a condução. Distraio-me com capas, capítulos tremendo nas mãos pela velocidade refreada. Sinto vergonha quando me apercebem vendo. Tento enxergar dentro da miopia de óculos escuros quais linhas me conduzirão ao acaso ainda. 


Nas lotadas filas da lotérica permaneço horas de pé, raramente vou, mais para apostas altas que me enfio no meio dessa gente histérica para a loto fácil da vida. Quem acerta fica podre ou rico, deixam ao menos de ser pobres capachos. Despachos nunca fiz, só simpatias para arrumar namorado na adolescência. Se bem que já tropecei num resto de farofa amarela com galinha, embebedada pela madrugada a fora, cinco anos atrás mais ou menos. Na mesma noitada perdi os óculos na Reitoria da Universidade, a qual invadi para pernoitar com suposto amigo colorido da época. Tanto mudou desde a faculdade. De dois vestibulares que prestei, tendo prestado de fato apenas um, o curso já concluí. Dos concursos que nunca tentei, oscilando a dúvida entre ter o próprio negócio ou fazer mestrado, teço uns freelas-da-mãe revisando, cantando e traduzindo. Academia me impulsiona ao enfado, tanto a de formação intelectual quanto à de ginástica. Professora, eu? Professo um não. Faço bicos, ciscando meu futuro. Por enquanto estou no modo quase, indo feito quasímodo atravessar mais este portão.

Esqueço o que me não aquece o coração. Desamores foram deixados para trás feito crianças (anões disfarçados) acenando para um carro que vai se distanciando mais e mais. Eu sou os pais saindo de férias e nunca mais voltando para a casca. Quero é ar, encher a barriga de vento. Sumi para quem desuniu. Voei aquém. Nem quero saber se também esqueceram de mim. O fato é que meu feto vivia propondo o fim. Hoje percebo que ainda estou só no começo, recém-nascida, criada de ninguém. E mesmo assim me cobro tanto. Por tudo me ardo. Sensível ao absurdo com que as pessoas já se acostumaram. Eu que me propus em casamento, não aceitando direito. A diferença é que, das aquisições recentes, fiquei noiva do sim dito cara a cara com o espelho. O quando do casar ainda espero. Vai demorar juntar todos os meus poros com as minhas terminações nervosas. Boniteza, esperteza e gentileza me falta não, falta é que eu me peça mão para a contradança do mundo. Contradição?

8 de outubro de 2010

Só a Morte Desperta os Nossos Sentimentos

Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe porque nós somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres. 
É assim o homem, caro senhor, tem duas faces. Não pode amar sem se amar. Observe os seus vizinhos, se calha de haver um falecimento no prédio. Dormiam na sua vida monótona e eis que, por exemplo, morre o porteiro. Despertam imediatamente, atarefam-se, enchem-se de compaixão. Um morto no prelo, e o espectáculo começa, finalmente. Têm necessidade de tragédia, que é que o senhor quer?, é a sua pequena transcendência, é o seu aperitivo. 

É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros! 

Albert Camus, in 'A Queda' 

28 de setembro de 2010

Corpo oral

A vida não me saberá dizer adeus tão cedo, por isso até tarde fico acordada. Só descansarei em paz na hora desavisada. Assim nem terei medo. Faço um silêncio mesclado a vento na cortina. Que não sei se é sina ou sino de lamentos. Fecho a janela para abafar gritos de fora. Falo comigo sobre este apartamento. Sair para quê?

24 de setembro de 2010

Tenho um medo certo, incerto do que ele tem.
Sensação de esquecimento tendo tudo à volta.
Uma falta de atenção com o que vem na cara.
Fuga para o bar, para a comédia, para o sono.
Muita fome e sexo, remédios para viver vidas.
Quem disser o melhor, faço bem quando calo.
Sim, qualquer coisa envolvendo mão, cabeça.
Antipática, antiprática, antipátria, antigamente.
Hoje sorrio pelos poros feito música brasileira.
Mas canto em inglês, sinto em francês, choro.
Corro quando há assalto imaginando os tiros.
Tiro minha roupa fácil quando estou comigo.
Não acompanho seriados até o fim, eu pulo.
Capítulos de livro tenho, sem obra completa.

13 de setembro de 2010

Enlace

Quero-me bem. 
Quero-te também. 
Tão em nós estamos... 
É que somos a sós, 
Um a um, sem ambos.
Por mais que finquemos,
Nossos pés dançamos.
Juntamos a janta
Com a vontade de se comer.
Comecemos, então, 
A ser mais mim.
Viver um caso à parte
Não é bom par.
Mas é perder.
Completos apenas de um si.

4 de setembro de 2010

Mulheromem

R E T I R A D A

Respeite o silêncio
a omissão, a ausência.
É meu movimento de deserção.
Abandonei o posto,
rompi a corda,
desacreditei de tudo.
Cansei de esperar que finalmente um dia,
minha fotografia
fizesse jus ao seu criado-mudo.
Flora Figueiredo


"E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros vieram ao mundo." 
Caio Fernando Abreu


IRMANDADE

Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Mas olho para cima: 
as estrelas escrevem.

Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.

Octávio Paz 




28 de agosto de 2010

Uterada.

Horrorizo ser eu quando o corpo reclama toda a mente, quando deixo de ser gente e passo a ser fúria. Não acontece sempre, mas há mês em que não me caibo no útero. Prestes a explodir em sangue, fico digladiando com meus pensamentos e socando negatividades em quem devoto o sexo, a paixão... Acho que tem ligação. O acordo amoroso entre duas pessoas, os fluidos que se trocam em tentativa sem querença de fecundação. Se o óvulo não se forma, pelo anticoncepcional ingerido, parece que se revolta em mim. Será isso (por quê)? Vou ter que suportar o bebê de Rosemary querendo existir a cada tensão pré-menstrual dolorida, porque me projetar numa nova existência só depois que eu viver muito. Eu e minhas teorias. Não deveria chibatear a quem me quer bem. Fico medrosa e fria. Mas assim que a sangria me desce, faz-se imediata a euforia.

26 de agosto de 2010

Tentando mapear/ tapear meu astral

Mapa Astral para Paola Benevides
- Nascido em Fortaleza às 08:25 do dia 16/02/1985
- Longitude: 38W31 Latitude: 03S44 Fuso: 3



Planeta             Longitude    Em que signo?



  Sol 27 AQU 45
Aquario
  Lua 19 CAP 06
Capricórnio
  Mercurio 25 AQU 29
Aquario
  Venus 11 ARI 47
Aries
  Marte 10 ARI 19
Aries
  Jupiter 02 AQU 14
Aquario
  Saturno 27 ESC 47
Escorpião
  Urano 17 SAG 29
Sagitário
  Netuno 03 CAP 02
Capricórnio
  Plutao 04 ESC 42
Escorpião
  Quiron 03 GEM 45
Gêmeos
Nodo Lunar22 TAU 33
Touro
Ascendente09 ARI 40
Aries
Meio Ceu 08 CAP 23
Capricórnio
Vertex 28 PEI 15
Peixes


Capítulo 1 - DESCRIÇÃO GERAL
Você é pacífico, constante, intuitivo, inventivo, original e altruísta. Novidades, atitudes vanguardistas e as pessoas que o compreendem são mais importantes para você do que os pais, cônjuges ou filhos. Via de regra tende a adotar idéias avançadas.


Capítulo 2 - TEMPERAMENTO E EMOTIVIDADE
Por temperamento você é pessoa ambiciosa, reservada, prudente, austéra, trabalhadora, mas calculista, pois almeja alcançar uma posição de destaque social. Oscila entre a economia e a avareza. Os sentimentos e as emoções dos outros não lhe comovem.


Capítulo 3 - MENTE E COMUNICAÇÃO
Sua mente está aberta a novas idéias e conceitos sem preconceitos. Sempre que estiver bem disposto, é capaz de perceber a verdade ou os fatos intuitiva ou telepaticamente. Possui habilidade mecânica ou cientifica e gosta de trabalhar em equipe.


Capítulo 4 - SENSIBILIDADE E AFETOS
Sua sensibilidade ardente, impulsiva e romântica, mas egocêntrica, causa complicações no amôr e na vida conjugal. Sua grande atração pelo sexo oposto cria necessidades sexuais urgentes que costumam resultar em extravagâncias financeiras.


Capítulo 5 - ATIVIDADE E CONQUISTA
Sua atividade é enérgica, entusiasmada e empreendedora, mas breve. Você tem muita iniciativa mas pouca persistência e não admite que lhe digam o que fazer. Em vista disso não gosta de trabalhar em posições subordinadas. Enfrenta os obstáculos com vontade.


Capítulo 6 - SENTIMENTO E ÊXITO
Você gosta e tende a ter êxito nos negócios, política, assuntos científicos, ou qualquer atividade que lide com a massa ou grandes grupos. Sente-se bem fazendo parte do desenvolvimento de coletividades. Interessa-se por algum ramo do ocultismo.


Capítulo 7 - ESFORÇOS E LIMITAÇÕES
Você é pessoa bastante reservada a respeito do que verdadeiramente acha e sente e tem dificuldade para manifestar-se abertamente. Você costuma lutar contra seu próprio subconsciente e ter problemas de comunicação com as pessoas mais chegadas.


Capítulo 8 - ORIGINALIDADE E INDEPENDÊNCIA
A liberdade de expressão em qualquer campo é extremamente importante. Adota prontamente os novos conceitos religiosos e tende fortemente para a parapsicologia e metafísica. É compassivo, otimista e liberal, tem senso de humor e gosta de viajar.


Capítulo 9 - IMAGINAÇÃO E PSIQUISMO
Apesar de interessar-se pela meditação e ensinamentos antigos, tende a evitar o misticismo metafísico e as manifestações psíquicas. Você esta mais voltado para aplicar as descobertas, invenções e sua natureza espiritual para melhorar a vida diária.


Capítulo 10 - TRANSFORMAÇÃO E DESTINO
Sua intensidade emocional, sensibilidade em relação ao meio-ambiente e curiosidade por tudo que ainda não foi revelado, impulsionam-no a penetrar, profunda e, ás vezes, implacavelmente nos mistérios da vida.


Os pontos mais relevantes de seu Mapa Astral
- Você é inteligente e criativo e tem a necessária forca de vontade para transformar suas idéias em realidade. Costuma comunicar-se com facilidade mas é altamente subjetivo e incapaz de ver-se como realmente é ou age.


- Você é pessoa responsável, persistente, conservadora e demasiadamente seria. Os numerosos obstáculos que você encontra em sua vida romântica e profissional, podem ser vencidos mais facilmente se adotar uma atitude mais alegre e otimista. Rir mais pode tornar sua vida mais exitosa.


- Você costuma encarar a vida de modo excessivamente rígido, pessimista e convencional. Sua forte tendência a receiar as mudanças e inovações, bem como a ansiedade que sente em função de imaginados fracassos e perigos, causa-lhe grandes preocupações. E a maioria destes medos estão apenas dentro de você mesmo.


- Você é pessoa impulsiva e ardente no amor e apaixonada por tudo que é belo, atraente e harmonioso. Todavia, existe tendência à excessiva generosidade e gosto pela vida social fazendo com que você tenda a gastar alem do que pode e deve. É preciso vencer esta tendência para não se ver envolvido em situações financeiras difíceis.


- Sua excessiva impulsividade, combinada com o seu idealismo nada pratico e sua falta de persistência provoca a maioria dos seus fracassos na vida. Você não pode contar com seus amigos e seu desassossego leva-o a viajar e a andar em busca de aventura. Pare um pouco se fixando em algo e vai ver que as coisas vão melhorar de forma significativa. Um pouco de auto-disciplina faria muito bem a você.


- Sua convicção de estar com a razão e seu forte desejo de ser alguém importante na vida, fazem-no seguir suas próprias normas e a querer forcar o êxito social e profissional. Também gosta de reformar as instituições. Ouvir mais e meditar mais é o segredo para que você tenha uma vida mais feliz e tranqüila.


- Você está muito ligado a finalidade espiritual e ao destino do homem. Nos fundamentos e ensinamentos das religiões, é capaz de encontrar um novo sentido nas tradições. Também prefere a liberdade de expressão e a sociedade democrática e aberta.

14 de agosto de 2010

Papoulas para o meu fim

A melancolia mela e acolhe. Ela borra meu rosto em maquiagem com pretas lágrimas. Ela me detém nos braços tal mãe traiçoeira. Adota-me o semblante do vazio como se um buraco me vestisse de dor. Espelha-me a sombra, não possui reflexo, é opaca e oca. Quer maltratar ao mesmo tempo que me embala na canção triste que gosto de escutar. Eu poderia ter saído hoje para dançar suando alcoois, para evaporar dentro da música e do corpo. Mas eu sempre espero o amanhecer e acabo dormindo. Furam comigo. Quem? Os meus olhos. Finjo que vejo. Eles não têm tempo comigo. Vivem no trabalho de zelar pelo meu ócio. Faço o bem, volta-me o contrário. Será minha alma vesga? Queria um aconchego contra o frio no espinhaço. Durmo sozinha. Perdi minha segunda pele, adormeço no perfume das lembranças. Há quem ache normal, eu não me acostumo com o fumo do ópio, nem comprimidos uso. Oprimido é o mundo, meu mundo perdido feito as chaves das portas de casa. Eu que achava ter duas, na verdade nenhuma tenho. Minha única morada sou eu demais do mesmo que me cerca e seca a fala.

12 de agosto de 2010

Je suis un chien

Entristecida em trio de mim, cabeça, coração e membros. O corpo nem menciono, porque é conduzido pela alma. Por um instante quis ser eu só em espírito, porque minha concretude há muito me desgasta. Hoje recebi um chute de Adão nas minhas costelas. Chorei. Quebrei alguns ossos na mágoa do outro descontada em mim, eu um cachorro que, por roer a calça do dono sem intenção de enfurecê-lo, acabou por deixá-lo enfurecido, metendo o pé em um lado de mim. Mas ele, que é mais humano que a minha inconsciência, verá que não foi por mal, que não foi por nada, além de um ato instintivo de cometer o bonito. Porque minha perspectiva de belo não é o elo de em carne se prender. Prefiro me perder no que considero de singelo. Mas a minha ingenuidade é nua e tênue, não tem paúra de nada. Só geme. Caim, caim, caim...

11 de agosto de 2010

Em si: Nuança

Guardo em meu corpo a cegueira noturna ante à tua polução, bruxismos acometidos por teus sonhos de conduzir sempre a carruagem pelas meia-noites, enquanto uma semente de abóbora aqui me desabrocha dentro do porta-seios um botão. Receios não, aqui é sem fechar as portas. Sou versada na minha beleza, um colecionário de todas as outras, mas sem igual. Sou ser palpável de sangue quente e animalidade explícita sobre certo colchão. Não sou capa comprada de revista sem conteúdo, nem natureza alterada à faca, nem casca arrancada no dente, sou latejo latente, lactante no lábio. Estou na fala, no falo agora em tua mão. Sutileza completa. Os homens, se estiverem sãos, estarão ungidos pelo gozo das mulheres santas. Sã me sou melhor quando me caramelizam a maçã e de amor sou cortejada. Meu corpo mediano tão grande é, que o tomam pela cintura os dedos do mundo. Meu louro do cabelo foi da solaridade que me penteou. O castanho com verde do olho foi da relva em que Eva pousou. Podia vagar nua antes das dores do infinito, mas o planeta casou com o esconderijo que condena os rijos pênis na hora da celebração. Saudosos os pagãos, pois eram livres a olhos vistos. Retira tua venda, então, dá o lance mais alto. Faça a oferenda de toda essa moeda cara e a cuspa na cara do mundo. Mas eu... Eu não estou à venda não.

9 de agosto de 2010

Meditadeira incerta

As mulheres não meditam, contentam-se com entrever ideias sob a forma mais flutuante e mais indecisa. Nada se acusa, nada se fixa nas brumas douradas das suas fantasias. São apenas aparições rápidas, figuras vagas, contornos imediatamente desvanecidos. Dir-se-ia que nada se importam com a verdade das coisas.

Marie de Flavigny, condessa de Agoult.
 França [1805-1876] 

7 de agosto de 2010

Provas

Alma quebrada em quatro quando em quarto observo paredes. Meus vidros são de um castanho-esverdeado meio descrente, embora rezem nos dias de bruxa à solta. Número treze. Trevos de folha. Trevas de fogo. Pés do coelho de Alice. Tudo me serve enquanto serva eu for desse absurdo real. 

4 de agosto de 2010

Despejo

Tenho revirado a cama em baú de sonhos, embutido o meu presságio em fronha. Já molhei colchas com sexo, vermelhos ácidos, urina e lama, em retrospectiva de fluidos. Derramei comida com refrigerante, beligerante de mundo que acho que é só meu em cima de um móvel de quarto. Faço tudo nele até quando não faço. Deito, pulo, furo, entoco. Escondi há muito calcinha suja, dinheiro e penico. Nudez sob lençol fino. Frio aquecido por choros abafados. Se fosse vidro, estaria ali tudo estampado. Há em travesseiro o incontável número de segredos, as orações e os orgasmos.

26 de julho de 2010

Instinta

Dentro há o centro do delírio. Redes e moinhos deitados no eixo. Nunca dê lírios a quem está vivo, dê vários. O copo de leite cheira a filho morto dentro do armário. Roupas deixadas de lembrança à casa, retalhos. Pisei caco de vidro do vaso quebrado. Continha água para crescimento, mas havia matado o excesso. Eu me excedo tanto tarde. Dê mais. Beba mais desse líquido e então se sentirá bem. Beba, beba tudo até o mijo. Ele esteve enjoado da vida que não deu. Precisa coragem. Dois remos. Um barco. Atravessará a terceira margem do riso quando formar um lago com todas as lágrimas. As que pingaram no travesseiro, no solo, na pia, no braço. Aquelas que as pessoas viram e desviraram na tua cara. As choradas encolhidas no banheiro. Eu já quis comer as maçãs do meu rosto, rubras de desespero por forçar a elasticidade dos cantos da boca, retirar as minhas cascas com navalha. Sangria interior: se não cura, extravasa. Jorra tanto que seca por hora, periga voltar. O tempo vai fechando, quanto mais nuvem, mais cura. É algodão embebido no pranto da lua, esburacada de tanto ácido posto para fora. Dá língua feito criança ao remédio amargo, peito de madrasta. Vai cansar do próprio espasmo e se tornar espanto. Após tanto, virá apático feito velho, coma deduzido. Sentirá toques na dormência. Já percebo meu lábio caindo. Foi de falar mal dos que pintam o céu, de beijar o chão que papisa passa, de comer beligerância na porta da igreja entre pipocas e mendigos. Aqui não tem vaga. Trabalho para preencher o bolso do tempo, mas não tenho troco. A troco de quê? De quebranto. Não acredito nas evidências que sinto. Sou um burro humano alado, alheio ao relinche do mundo. Coice à foice rasga o casco. Ferradura, fogo, marca a rés com sadismo. Masoquismo é tatuagem. Meu corpo está limpo: sou boneco de piche. Puxo o pé, coxeio, engasgo. Nem tenho abraços de polvo. Também falta-me cabeça. Qual pedaço possuo? Dedos apontando lápis, unhas de fome, calcanhar de aqueles que caminham na direção arquitetônica moderna do universo em quadrados.

23 de julho de 2010

O RETRATO FIEL

Não creias nos meus retratos, nenhum deles me revela, ai, não me julgues assim! Minha cara verdadeira fugiu às penas do corpo, ficou isenta da vida. Toda minha faceirice e minha vaidade toda estão na sonora face; naquela que não foi vista e que paira, levitando, em meio a um mundo de cegos. Os meus retratos são vários e neles não terás nunca o meu rosto de poesia. Não olhes os meus retratos, nem me suponhas em mim.
Gilka Machado 

20 de julho de 2010

Endelicadeia-me, mas presa não estou à nada, a não ser ao teu abraço a livrar nossa vertigem dessa poção amarga. Vida: se a bebo errado, tenho taças de alma fundida, as paredes quebrantadas. Mas me reconstituis o sorriso quando me tocas, acalma. Teu fogo brando, chama azul e me chamas à cama para uma conversa incomum, uma controvérsia, não só a uma trepada. Porque é entrega, é a flor na minha porta, é teu talo que me adentra e derrama semente sem dor. Quero tua língua solta em minha mama, quero o teu ereto-entranha, quero e tenho tudo no tempo que nos falta: saudade. Dormes na minha casa quando está em mim. Sonho na tua morada quando sou em ti. Por vezes, minha estrela ficou carente e afagou todo um céu com o bem amar. Sabes afogar meu corpo em rosa rasa, dando-me banhos de pétala na água. Placidez profunda. E quando estou estranha, aprendes: solta sem mais me jogar tão longe! Esconde teu olhar ante minha explosão, só explode canção comigo, entre quatro paredes. Eu me contradigo e me contraio, por isso que minha boca é melhor no teu beijo. E meus anseios melhores no teu desejo. Vem e me ama!

18 de julho de 2010

Reamar alto

Estou reamando,
amando
Contra todas as más rés

Diferente da gada triste
De orelha em pé

Arranquei as flechas
Do coração naufragado
E fiz os remos.

15 de julho de 2010

Há temporal

(Só não) começo a viver
AGORA
Porque
ONTEM
Já preveni o meu
FUTURO:
Pegarei o guarda-chuva
E vou-me embora
Embora eu
NUNCA
Enuca faça.
Mala, bares, é muito a fazer
Inventar lazer
Amarrando um laço