10 de novembro de 2010

FRENESI

Saudade de quem não se sabe morto ou alado. De quem tem 70% de água no corpo e o restante da percentagem gasto em remédios para alma. De quem me dedicou música, vídeo, riso, risco e poema. De quem me descumpriu a promessa da carteira assinada. De quem se vestia de louco por dentro. De quem sabia manejar bem a calma na cara. De uma partitura pintada em cima de um olho muito vivo, de um ET mal esculpido pela mídia babaca, de computadores, do emoticon de carneiro que ninguém usava, da piada ou trocadilho explicado pela transcrição sonora de uma bateria (TU DUMM PSSCHH!). De animais amados mais que gente, porque há gente que não sabe amá-los como ele bem fazia. Saudades egoístas de um contrato, enquanto ele pedia demissão da própria existência. Saudades de ter permanecido por mais tempo. De não ter visto todo o espetáculo (refiro-me à encenação de viver, porque não me apraz despedidas cheias de máscara). Saí sem dizer Adeus. Será que eu adivinhava? Mas se houver uma segunda temporada, posso não me animar em ver. (Nunca mais?) A sensação que fica é semelhante à de ter cochilado no final de um mesmo filme, incontáveis vezes, causando posterior desistência, pela indiferença ou falta de vontade. Pode ser que eu não sinta mais saudades. Pressinto vida ainda, só que agora me perplexa fazer parte da próxima. Pois já estou desintoxicada.

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