23 de novembro de 2012

L'AMOURIA


Até a luva de pelica, às vezes, cria farpas.
Dedos afeitos à harpa, sem pertencer a altas falanges.
Ao primeiro ranger de dentes, vai ter-se com as facas.
Fraca mente por ser tão franca, pede perdão aos anjos rivais.
Vestia roupa branca ao limpar o choro oco das santas.
Preparava a sangria para os cristãos em castiçais.
Bebia água benta de quem sentou no colo da batina.
Batia a cabeça do coroinha na parede à luz de velas.
Tinha sede de vingança, mas o prato estava quente.
Assoprava a sopa com todas as letras que quisera.
Escrevia de caneta na barra da saia sem bainha.
Levantava a anágua para em novo emprego ser aceita.
Tombou à mesa dos burocratas e fora devolvida de bandeja.
Correu todos os riscos, então se pôs a descansar a vida.
Arfava o peito quando o leito era desfeito por ordem despedida.
Despojava-se de qualquer direito, por que amar deveria?

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