7 de setembro de 2011

MÃOS À CABEÇA


Entradas nos cabelos convidam mãos a alcançarem qualquer halo escondido. Anjos perdidos vagam por aí com suas perucas, em disfarces sansônicos, mas as entradas na cabeça são como portais de homens maduros para encaixe de dígitos, para deslize de massagens. Mágica proporcionada pelo feminino aos meninos rapazes. Prestidigitação quase maternal que acaricia anjos pendidos por seu charme em V na testa, decote a ver bicos-de-viúva, quando ainda na Terra nos resta a veia cava, o carnaval e todos os seus penteados. Nasce-se careca, depois se fica de novo, sendo velho, e nunca se perde a ânsia por cafunés na nuca. Se bem que prefiro amaciar uns cachos como quem colhe cerejas, saboreando através dos dedos as frutas, como se a maciez no tato também proporcionasse um gosto já aceito. O fruto que cai em pelo feito eureka na cuca do gênio, a maçã capturada do paraíso de couros cabeludos. Ah, se crescessem os pensamentos nos homens como as suas mal-aparadas madeixas! Haveria menos queixas e mais boas lembranças adormecidas na palma. Ameixas pretas, castanhas tranças, onduladas louras, ruivas lisas, alhos em gris, oleosos por essência, albinos de ponta a ponta dupla, sararás-crioulo arrancando seus moicanos de ananás à chuva. O deslizar do pente vem como um rasgo de prazer à fronte, quando seus dentes de unha antes de ir para a cama proporcionam o último afago. Um bote para dormir que a tudo assanha.

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