Desleixo-me na cama a fazer um corpo mole nas primeiras horas do dia. É na manhã que adormeço. Não sou de tomar café. Só leite, às vezes, e com cacau. Nunca puro. O sol me adoenta quando não há nada de novo sob ou sobre ele. Só o sei apreciar quando viajo para longe. E o longe é tudo o que considero fora de casa. Esfria. Noturnifico aqui criando qualquer arte que não me faça refletir em si sobre ela. Há melhores temas, sim. Não metas. Tem as estrelas encobertas pela vida, tem as nuvens do asfalto em trânsito, tem a louca na calçada dando erva de mamar à filha, tem o cachorro mijando no gato, tem o padeiro dando cabo à existência de um rato com a vassoura, tem o pão diabólico amassado por deus. Qual quer?
13 de abril de 2010
9 de abril de 2010
Prevendo outono.
Pensamentos foram alicerçados sobre cada fio de cabelo meu. Loiro mal lavado da mente com um quê de poluída, caída em catarata pelos fios deixados no chão. Se estou em baixa, é porque às vezes é alta a tensão. Sem escovadas antes de dormir para cada ideia permanecer e florir. Se penteio, não patenteio a criação. Dá impressão de voar o interior quando a beleza se afinca demais em mim. A vaidade vai com a idade, no disfarce dos brancos pintados.
Madura a raiz da planta mais devastada.
Madura a raiz da planta mais devastada.
5 de abril de 2010
Fujicida
Quando abusa-me tudo prefiro um "não ser nada". Mas nada com algo profundo, uma pedra com caldo, uma sopa sem água. Estou calma, por pouco duro que seja me suportar na ausência. Bom é ser poema de gaveta que raros reviram, daqueles incompreendidos por preguiça de linhas demais eruditas, com palavras ditas de menos, letras formigas a precisar óculos e a métrica embalada-embolida pelo balouçar de navios loureiros. Chato, chato, tudo feio e rico. Antes que esqueçam, por hoje me queria esquina em deserto, ostraída. Dormir até nem hora existir. Fechar os olhos do corpo, afundar seios no frio, morrer afogada no sonho leve de um pesadelo que ninguém recorda ao acordar.
2 de abril de 2010
Narcisa para matar
Andam incomodados
Com a fumaça do meu vício...
O de cheirar uma flor:
Flor de Narciso.
Crescida dentro de mim estou
Em meio às facas d'espinho.
Querem me furar rei da barriga,
Mas planta carnívora que sou
Cuspo nas vistas ofuscadas
Por meu viço.
Com a fumaça do meu vício...
O de cheirar uma flor:
Flor de Narciso.
Crescida dentro de mim estou
Em meio às facas d'espinho.
Querem me furar rei da barriga,
Mas planta carnívora que sou
Cuspo nas vistas ofuscadas
Por meu viço.
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