O calor do meu quarto sou eu. Feito um útero novo, sem feto, com algum afeto que rola solto na cama de solteira. Estou na poeira espirrenta dos livros, nos tantos empilhados discos estão as digitais a marcar memoráveis épocas. Um universo em gavetas e armários desarrumados. Ainda brinquedos, ainda bonecas, ainda álbuns de figurinha. A janela constantemente fechada, pela incidência quase dolorosa do sol em todas as coisas sensíveis. Quando aberta, a barulheira da avenida se ouve: automóveis. Sou meu quinto andar, não tão alta, nem tão térrea. Ando com pressa, mas às vezes o elevador está emperrado. Meu pé em terra, na rua, vou, sigo, na certeza de retornar. Recinto. Sinto-me dentro. Pouco ressentimento há. Recolho-me na paz insone das madrugadas a portas fechadas. Meus pensamentos vários feito peças de roupa colorida num varal infinito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário