16 de junho de 2009

V. Woolf a falar de/por mim...

Meu próprio cérebro é para mim a mais inexplicável das máquinas - sempre zunindo, sussurando, voando rugindo mergulhando, e depois se enterrando na lama. E por quê? Para que esta paixão?

As coisas se desprenderam de mim. Eu prolonguei certos desejos; eu perdi amigos, alguns para a morte... outros pela incapacidade de atravessar a rua.

Cada um tem seu passado preso em si como as páginas de um livro conhecido por seu coração, e seus amigos só podem ler o título.

Se você não contar a verdade sobre si mesmo, não pode contar a verdade sobre as outras pessoas.

Estas são as mudanças da alma. Eu não acredito em envelhecimento. Eu acredito em alterar para sempre o aspecto de alguém para a luz. Eis meu otimismo.

Quanto mais se envelhece, mais se gosta de indecência.

Há muito sentido na idéia de que são as roupas que nos vestem, e não nós que as vestimos; podemos fazê-las pegar a forma dos braços ou do peito, mas elas moldam nossos corações, nossas línguas às suas tendências.

O interesse na vida não está no que as pessoas fazem, nem em suas relações mútuas, mas principalmente no poder de comunicar-se com uma terceira parte, antagonista, enigmática, ainda que talvez persuasiva, o que alguns chamam de vida em geral.

Em algum lugar, em todos os lugares, ora escondido, ora aparente no que quer que esteja escrito, está a forma de um ser humano. Se tentarmos conhecê-lo, estaremos preguiçosamente ocupados?

Realmente, eu não gosto da natureza humana a menos que esteja toda temperada com arte. Gosta-se muito mais das pessoas quando elas são abatidas por um cerco extraordinário de desgraça do que quando elas triunfam.

Não são as catástrofes, assassinatos, mortes, doenças, que nos envelhecem e nos matam; é a forma como as pessoas olham e riem, e apressam os passos para os ônibus.

É a natureza do artista importar-se excessivamente com o que dizem sobre ele. A literatura é espalhada com os restos dos homens que se importaram além da conta com as opiniões dos outros.

É fatal ser um homem ou mulher pura e simplesmente: deve-se ser uma mulher masculinamente, ou um homem femininamente.

Como mulher eu não possuo país. Como mulher, meu país é o mundo todo.

Eu estava com um humor estranho, me achando velha demais: mas agora sou uma mulher de novo - como sempre sou quando escrevo.

Todo segredo da alma de um escritor, toda a experiência de sua vida, toda a qualidade de sua mente está melhor escrita em seus trabalhos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Liberdade...
é a mente
de quem senti
e não menti

PNE