15 de dezembro de 2008

Histórico Afetivo

Os Primeiros amores platônicos
Foram meninos, artistas, professores, fantasmas
Exercitaram a timidez de minhas descobertas
Eu cá comigo nas entranhas contemplando espelhos
Escrevendo cartas em cartilhas enfurnada no quarto
Crescente-mingüante, a ouvir livros, a ler músicas
Tudo em silêncio. Em liberdade da púbis, na puberdade.

Quando beijei em primeiro a ruiva e calva boca de Brasília
Foi a mais velha e mística, a mais controvertida
Gorda de literatura, pôs-me a palavra da poesia adentro
Esconderijo. Castraram-me na floração de meus princípios
Ósculos seguiram-se na espera, entre confusões cardíacas
Entre as provas dessa filosofia insincera.

Sobrepujei eras de aquário, acessei o mar da desordem
E o cyberespaço do novo, por vezes incomunicável.
De toda gente que via, preferia o mistério da distância
Assim troquei identificações com a santa ilha catarinense
E namorei codificada sem téte-a-téte por meses a fio
Até que o desbravador de lá aportou em minha terra
Provocou novo caos após curta bonança

Ademais, outros corpos se fundiram ao meu carnifício
Deram-me um prazer quase involuntário
Explorei o medo, a rua, o cenário da (des)ventura
O poeta alcoólico deu-me a maldição de sua proposta
Caí, então na teia de seus versos ciumentos, ridículos

Depois veio um artista outro, cores,
Deixei para depois o mais normal de todos
Depois e depois e depois mais liberdades
Viajei para as praias mais magníficas do mundo,
Conheci algumas cidades brasileiras, felicidades também
Fui a shows, dei shows e boas vindas às noites
Bebia pelo gosto de afrouxar minha loucura
E também para curar o vício de me apaixonar pelo acaso


Hoje descobri quem eu era, mas não o que sou
Ainda sou presa de novas esferas.


Finquei-me agora em relacionamento dura-d'ouro
É musical, sociável, não menos conflituoso, embora
Amadureço com ele a paciência de acertar o alvo
Quem sabe não acertemos o fruto
Que caiu na cabeça um do outro
Reproduziremos eurekas, mas renderemos frutos novos?
O tempo dirá, na distância aproximada do convívio
E na aproximação corpórea das almas
Através das quais somos vivos


CONSELHO PRÓPRIO INVENTADO:
Piegas, não te apiedas nunca do coitado
Parta para o coito, pense no parto, mas se previna
Ainda és menina, a mulher quem a fará será o seu Amado.

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