Sempre me relacionei com monstros humanos. Acuada, passei boa parte da minha infância inventando amigos e a maior parte da adolescência criando namorados. Platonismos repercurtidos em cativeiro casto. Isto porque todos os meninos considerados normais, pelos quais me interessava, sequer olhavam para mim. Dos colegas de classe, com poucos conversava. Poucos, na verdade, é que tinham classe ou bom gosto poético. Por isso eu preferia a solidão do amplo quintal da primeira casa onde habitei com meus maus hábitos. As plantas me pintavam o olhar de esperança, aquele cheiro de terra refrescada pela brisa me inundava de alívio. Minha mãe, que passava o final da tarde e início da noite molhando a grama, dizia que não podia enxaguar os viçosos vegetais enquanto o sol estivesse batendo por ali. Assim, vésper e demorada nos cuidados, evitava deixarem-se crispar as plantas, muitas ela ressucitava com adubo novo.
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