25 de junho de 2014
15 de junho de 2014
FACE À FACE
Em meio a tanta gente sem palavra, imagine hoje em dia quem versinhos ainda faça. Há quem diga que poetar é dom de pessoa falsa. Pobres Fernando, Carlos, Cristina e Adélia! Sendo assim, engulo máscara e meia, pois minha farsa teatral não é mera chantagem com vida alheia. Alguma bagagem carrego, haja arte em vida para não viver represada. Penso em voltar a usar maquiagem pesada, porque ando leve, só não levam muito a sério minha cara. Emocional? Bebo água, meu passarinho nem sofre mais de abstinência. Devem estar me julgando agora, mas estou acostumada. Essa teia social me enregela a alma, às vezes calma, às vezes histérica com tanto achismo, machismo, partidarismo, mas cismo em olhar. Uma hora esse povo pula a janela do primeiro andar.
Há pouco falava com amiga de mais de quinze anos por telefone. Alívio... Passam-se eras, copas, desculpas, amores, fofocas, mas continuamos intactas sem o menor interesse por nada que alavanque vaidades maiores. Uma conversa desnuda vale muito mais que fiada de sexo. Ninguém topa qualquer parada. Rir sem nexo é a melhor de todas as piadas. Aí, outros reaparecem como se não tivesse ocorrido coisa alguma, desmemoriados dos próprios desleixos pessoais, só porque a rede está aberta e o peixe beta que não é besta cai de boca. Eu só sorrisos, numa espécie de ataraxia nervosa. Diversos astrais. Vou me fazer de abestada, que de vítimas o mundo já está cheio. Quem leva porrada não canta de galo, existem brigas maiores em puleiros chamados estádios, octógonos e assembleias, legislativas ou de deus, todos escrevem certo por linhas tortas. Olhos roxos. Ando morta de sono com tudo isso.
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