Dos sabores que me sabem a boca, aprecio os que me sangram os lábios, no acre-doce escorreito da saliva. Vários: os de frutas vermelhas. Um prazer em cada gomo estourado aos dentes feito borrado de batom. Empapuçada até as sementes, engulo grão e talo. A não ser quando em solo fértil, à cata de galhos de framboesa, a correr à relva de se ser menina, à revelia da selva, cuspo todo o chão. Que me arda! Haveria de lançar da língua muitos pés de uva, amora, cereja e jabuticaba, sem demora, a namorar o plantio até a colheita, em meditação, dos primeiros ramos aos rumos da flora. Papilas gustativas e pupilas que dilato de predileção.
28 de fevereiro de 2014
19 de fevereiro de 2014
12 de fevereiro de 2014
EXILADO
Parvo mundo.
Antes fosse um pássaro bicar curto pavio e revoar para longe.
Árduo lugar...
Uma nau a flutuar sobre lava.
Um navio cargueiro à linha do horizonte
A confundir explosão solar com detonação de paiol.
Quando a munição acabar, não haverá mais farol
Nem luz, nem medo
Só o degredo a caminhar sozinho.
11 de fevereiro de 2014
DEBAIXO DA TERRA
Um oco ficou:
(Soco seguro
bem no osso sacro)
- Chute no saco daquele escroto!
- Olho roxo naquela vagabunda!
Lixo até chorumou
Ficou uma funda...
Húmus desumano.
(Soco seguro
bem no osso sacro)
- Chute no saco daquele escroto!
- Olho roxo naquela vagabunda!
Lixo até chorumou
Ficou uma funda...
Húmus desumano.
4 de fevereiro de 2014
MÁRTIRES DE VÊNUS
Somos frágeis fragmentos
A cortar nossas próprias cicatrizes
A contar histórias, nós mulheres
Atrizes de pernas arqueadas
A desfilar suas feridas felizes
Elas dão vida a carnes sangrentas
Bocas chamejantes que beijam a sorte
Meninas famintas da África em manadas
Sendo loiras, azuis, ruivas ou morenas
Unhas compridas desenham nas costas
Um suporte de penas para suas asas
1 de fevereiro de 2014
PENSA, MORDE E LADRA
Cérbero e seus cérebros:
- Cuidado com o cão!
Não lhe deixa sair do inferno,
Este guardião maquiavélico,
Quando a cólera se torna coleira da ação.
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