Vínculos requerem tantos cálculos que eu prefiro os náufragos, eu perfuro ilhas com meu desejo de ser mais, por simplesmente merecer. Eu queria navegar pelo Mar Báltico, Galápagos, conhecer meus ancestrais, dirigir perigos. Vagar por aí sem ter tempo de cultivar inimigos, sair desse apartamento e propor um parto sem pai, nem mãe, nem filhos. Partir! Antes ser filha do mato e irmanar com todas as flores tecendo indrisos, que viajar por dentro dessas dores parentais, eternamente sucumbida à cria lambida. Antes, paz. Quero ir de uma ponta a outra do meu sorriso como se eu pudesse me pôr em meu próprio horizonte, ensolarada de amanheceres pródigos. Avante comigo quem quiser, quem puder me ver, com fé no trilho e no brilho de só se ter, nunca só... E afinal, o que se é senão isso?