Reconheço meu ciúme quando me tomam o espaço, mostro ódio quando arrancam as roupas da minha privacidade, confesso minha raiva quando tomam o objeto de meus desejos, ao me privarem o sexo, ao me controlarem os vícios. Detesto criança, aquela que divide a cama do casal ao meio, aquela que esperneia por materialismos precoces, a que grita para ser notada, paparicada e até temida. Abomino mais ainda as mães dessas crianças, geralmente solteiras ou mal casadas, sem figura paterna, fálica, a calar seus histerismos constantes, apenas falhas, idéias falsas acerca desse universo falido. Sem moral mínima, emprestam às filhas o ar fatal dos saltos altos, dos esmaltes vermelhos nas unhazinhas roídas logo cedo. Dia desses vi uma dita mãe passando batom nos lábios crescentes de uma bebê com nem dois anos e os transeuntes achando bonito. Eu tive asco e saí de perto. Odeio esse mundo vulgarista. Detesto também os velhos chantagistas, que moram de favor com os filhos pois se acham no direito de interferir nas suas vidas por tê-los criado. A esses vovôs, a maioria vovós, que inventam uma dor para cada dia, afastam-se dos amigos, devoto meu total desrespeito. Impacienta-me por demais essa gente que quer viver pelos outros. Mulheres se apresentam bem mais perdidas sentimentalmente, posso perceber. Que o destino não me reserve essa sorte de tolhir o alheio, nem que eu passe minhas frustrações aos meus filhos, caso os tenha. Diante disso, melhor usufruir do sexo sem procriação. O mundo me enoja com seres encardidos que não sabem nem como lavar as meias do espírito. Só dejetos de encarnação.