5 de julho de 2008

55

Fiquei um tempo a mais na cama, esperando algo despertar em mim para que eu levantasse de pronto e disposta a dar um bom abraço no aniversariante de hoje. Ele merece tanto, porque me dá tanto, que eu fico até sem graça por não ter algo material a simbolizar minha gratidão por completo, um presente que o pusesse a sorrir bem recompensado.

Preparei o espírito e caminhei até a sala, para perto do seu sofá dileto. E lá estava ele em seu cochilo, um livro ao lado, no chão, com seus óculos para perto sobre a capa colorida. Fiquei receosa por um minuto, voltei ao meu quarto. Depois, decidida, fui lhe falar, aproveitando o momento a sós. Cotucões com a voz o fizeram erguer-se solícito a me contemplar, então o abracei forte com corpo e palavras. Disse que o amava, que o amo, desejei que este novo ano somado às suas experiências lhe propiciasse mais perseverança nos atos, alegrias. Ofertei-lhe canções, em seguida. Um singelo CD com alguns álbuns de música popular.

Se tenho bom gosto musical, devo isto ao meu melhor amigo. Discos, sonoridades, coleções entremeando nostalgia, culturas de gerações passadas com uma mescla de futuro promissor a mim, uma mulher bem formada, mas ainda em maturação constante, pela educação propiciada, livre, diria até abençoada. É certo que nos tempos de hoje, citadinos e fugazes, mal se peça a bênção aos genitores porém, hoje, dia 5 de Julho, a meu pai menino de 55 anos renderei graças.

Sim, meu pai talvez não demonstre a idade na aparência porque sempre o seu bom espírito o rejuvenesce. E ao contrário de lhe pedir, hoje quero lhe render bênçãos, benesses e mais vida, tudo isso porque ele me ajudou a vir ao mundo e a conhecer mundos novos no ser humano.