12 de julho de 2007

Loba (Step by step)

Nasci com uma mancha vermelha em tom dourado por dentro. Aquela aquarela feita de tintas óleo que se misturam na cor do inflamável. Centelha do mal ou do bem de quem se doa à forma humana mais sofrível: a que demasiado ama. Ardente mais por ansiar carne a qualquer custo, mesmo se a saliva do veneno produz choque térmico. Sobe fumaça, provoca tosse, enquanto o ditado latino condiz:
"Amor et tussis non celantur!*"


Vou traduzir tudo isso para quem mais entende, calma! Tusso tusso e me vejo de dor. Não bati o cotovelo, mas o encruado novelo da lã interior solta pelugem, entra pelo desespero, então espirro. Isso porque disse "Atchim" no casamento e o padre nosso confundiu as orações.
Corações ao alto!

Nem deu tempo dele bater as asas, por isso paraplegicou. O risco aumentado em atropelo com a tecnologia fez meu pulso cicatrizado digitar essa melodia para não melar a noite de falso rumor. Cata-se uivos nessa vindima plenilunar. Foi-se o tempo dos poetas tuberculosos, hoje a gente canta o mal dos séculos sem se dar conta de que há poesia. Venha me rimamar nessa dança, minha pele é leitosa, mas sou uma Loba!


*Amor e tosse não se escondem.
P.S.: Se eu fosse dor, me ocultaria na estepe.
Vide passo-a-passo in:Herman Hesse